maio 03, 2008

a tarde como um rio suspenso

e eu já não sei o que pensar nessas horas... é denso, antes fosse inusitado. Se essa é a realidade, o que é a realidade? Onde estão as certezas? O que significa esse movimento, esse ir e vir de opostos, esses contrários que não se anulam?

Houve trovões e relâmpagos, sons e clarões que escaparam de um céu cinza e tumultuado. Era como se eu pudesse me ver por dentro. Mas havia beleza, era como um baile orquestrado, onde a chuva, com seus pés pequenos e delicados, dançava rodopiante na tarde inteira. Houve memória, desatino, pensamento e nele essa estória equivocada e tão clara. Esse jogo de palavras, que permite diversos julgamentos, porém uma única sentença, que declara e encerra a proposição mais íntima de tudo que foi dado como certo. Entendo que percebo o certo apenas como condição própria das coisas que evoluem com a cara da reticência, da incerteza, do não eternamente crível.

É certo que não sei o que pensar, mas me desfaço dessa necessidade de gerar pensamentos e me entrego à beleza sutil de sentir. E elejo um sentido. Fecho os olhos, nego a luz. Ensurdeço e calo. Negligencio o toque. E sinto teu cheiro, que é a melhor coisa que penetra no reino dos meus sentidos, transforma-se em sentimento. E o meu amor é só perfume.

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