dezembro 12, 2010

eu não sei aonde você expressa seus traumas e seus medos, visto que você é perfeita. Os meus estão no meu corpo e nos meus vícios.

maio 28, 2010

agora não falta mais nada

Eu sempre disse que amaria para sempre. E hoje eu amo. Para sempre. Afinal, sempre disse que amaria para sempre quem me amasse assim, desse jeito estranho que sou. E hoje eu amo. Mas amar não é mesmo amar ao outro tal qual e como ele é? Então hoje eu amo. Porque não tiraria de ti nenhum milímetro e em ti não quero pôr nada. Então, hoje eu te amo.

abril 16, 2010

João, Maria e um pé de feijão na horta dos três porquinhos

Aonde, por onde se escondem os risos, as lágrimas, as festas, os velórios, os estorvos, as levezas? Há dor. Ah, dor... A dor se manifesta em fixações eternas, ciclicamente eternas. Figuramos o amor desamado, o parceiro atraiçoado, na forma de esposo traído, de mãe incompreendida, de feto abortado, de aluno reprovado. Esquecemos do pé de feijão que possibilita outras paisagens, que nos eleva pra outras miragens. Apenas cultuamos a beleza da semente, sem sonhar ou ousar o plantio. E eu nem sou João... sou Ana.... Maria. Mas disso já vem outro conto e até uma canção pra você que foi "a princesa que eu fiz coroar”, pois eu tenho a semente, a terra, a água. Eis a lenda.

abril 15, 2010

fulô

...eu descobri hoje que te amo mais do que supunha te amar. Você me desperta essa capacidade. Meu amor é como um oceano e desconhece quase tudo desse amor de mar, que, como ondas, nos leva e traz. Eu não sei de nada, nunca soube, mas há uma certeza tão certa em mim de que somos você e eu uma coisa inseparável. E eu consigo sorrir quando penso nisso. Eu não te esqueço por minuto nenhum e sou feliz por ter tua imagem impressa em todos os meus pensamentos.

Você é única, você é guerreira, você é modelo de lindeza. Você é minha dor, minha saudade e meu amor... e, claro, sempre, minha flor. Minha linda rosa em botão e despetalada, meu perfume da manhã, como orvalho na terra molhada. Minha inspiração pra poesia que componho.

fevereiro 25, 2010

por saber que não sei

Tarde. Sol no alto. Silêncio. Parece um mundo novo. Curvas e caminhos inéditos, flores recém-abertas. Pelas esquinas, no entanto, a poeira revela imagens antigas, desbotadas pelo tempo, pelas horas. Imagens perenes a espreitar o curso óbvio do relógio que faz parir a novidade num mundo de idade sem data. Não me admira quando nos diálogos vespertinos repetimos a mesma retórica com espanto comovido, como se dali brotasse um conceito novo, sem precedentes. A mutação que nos devora a alma promove esquecimentos que possibilitam a vida dentro de um eterno retorno. E rimos da mesma piada, substituindo personagens que, imbuídos do mesmo preconceito, parecem cômicos e o olhar apurado revela a tragédia dissimulada pela superficialidade dos discursos, pela displicência com que se olha o conteúdo daquilo que se derrama à nossa frente. A ignorância é sábia.

fevereiro 07, 2010

afirmativa

Eu digo sim, sim, eu repito! Eu digo sim pra esse dia que me foi presenteado. Eu digo sim e continuo sem medo, sem nãos de proteção. Sem retornos, sem oscilações, sem o benefício (leia-se:agonia) da dúvida. Eu digo sim para o teu sorriso comedido, para tua fala despretensiosa, para o teu olhar curioso e risonho. Eu digo sim para tua voz rouca em meu ouvido, em minha boca.

Repito: sim! Para o teu corpo, para o teu abraço, para o teu carinho, para o teu desejo. Sim, para tua vida, para o que é agora e o que será depois. Eu digo sim sem rodeios, sem meias palavras. Digo sim em palavra inteira.

Eu digo sim para as surpresas, para o espanto que surge quando perdes a hora. Eu digo sim para as tuas vontades descabidas, mesmo assim eu digo sim sem titubear, sem reclamar. Sim, eu digo sim para essa dor, para esse amor, para essa flor.

Eu digo sim e sim, eu não aceito o teu não.

janeiro 15, 2010

discurso sem voz

As palavras têm saído em sussurro quase mudo. Acompanham o ritmo da vida presente, os sons presentes: baixos, graves, talvez no sentido de não despertarem nenhum vulcão, nenhuma tormenta que em outro tempo jorrava sons ásperos e nocivos. Elas têm aparecido assim: amiúde. Sem pressa de dizer coisa alguma, sem vontades de se fazerem notadas, como criança que faz das suas trelas e silencia para não sofrer reprimenda e depois sorri matreira pelo sucesso alcançado. Surgem como pétalas embebidas no orvalho, sem divagações, sejam elas óbvias ou apuradas. Apenas são palavras que dizem o momento, sem pretéritos, sejam eles perfeitos ou não.

As palavras despontam em cores que acalmam na tentativa de tingir de paz as cores escuras lançadas sem aviso num dia que se foi, na tentativa de dar vida às paredes desbotadas que surgiram como herança.

– E se o passado voltar e me pegar de surpresa?... Questionou um amigo. Não! Isso não é possível. Apesar da palavra em voz suave, tenho ouvidos e olhos atentos. O que foi permanece exatamente onde está: atrás, fatigado, inacessível.

As palavras sussurram e eu ouço e sorrio.