fevereiro 25, 2010

por saber que não sei

Tarde. Sol no alto. Silêncio. Parece um mundo novo. Curvas e caminhos inéditos, flores recém-abertas. Pelas esquinas, no entanto, a poeira revela imagens antigas, desbotadas pelo tempo, pelas horas. Imagens perenes a espreitar o curso óbvio do relógio que faz parir a novidade num mundo de idade sem data. Não me admira quando nos diálogos vespertinos repetimos a mesma retórica com espanto comovido, como se dali brotasse um conceito novo, sem precedentes. A mutação que nos devora a alma promove esquecimentos que possibilitam a vida dentro de um eterno retorno. E rimos da mesma piada, substituindo personagens que, imbuídos do mesmo preconceito, parecem cômicos e o olhar apurado revela a tragédia dissimulada pela superficialidade dos discursos, pela displicência com que se olha o conteúdo daquilo que se derrama à nossa frente. A ignorância é sábia.

fevereiro 07, 2010

afirmativa

Eu digo sim, sim, eu repito! Eu digo sim pra esse dia que me foi presenteado. Eu digo sim e continuo sem medo, sem nãos de proteção. Sem retornos, sem oscilações, sem o benefício (leia-se:agonia) da dúvida. Eu digo sim para o teu sorriso comedido, para tua fala despretensiosa, para o teu olhar curioso e risonho. Eu digo sim para tua voz rouca em meu ouvido, em minha boca.

Repito: sim! Para o teu corpo, para o teu abraço, para o teu carinho, para o teu desejo. Sim, para tua vida, para o que é agora e o que será depois. Eu digo sim sem rodeios, sem meias palavras. Digo sim em palavra inteira.

Eu digo sim para as surpresas, para o espanto que surge quando perdes a hora. Eu digo sim para as tuas vontades descabidas, mesmo assim eu digo sim sem titubear, sem reclamar. Sim, eu digo sim para essa dor, para esse amor, para essa flor.

Eu digo sim e sim, eu não aceito o teu não.