fevereiro 25, 2007

sir lancelot

Ele nasceu em 10/12/2006. Nesse momento, eu nem pensava que algum ser pudesse estar nascendo, entrando nesse universo de cores e luz e sons ao qual pertencemos. Embora goste de animais e quisesse um cãozinho comigo, esse desejo ainda era só desejo e distante. No dia 07/02/2007, eu o conheci e então percebi que não sairia daquele lugar sem trazê-lo comigo e acho que ele também pensou assim. Pertencíamos! (E você sabe de sua participação nesse processo)

Quando chegou em casa, era tímido e medroso. Aonde quer que eu fosse, ele estava ao lado, querendo que eu o olhasse. Acho que ele queria a certeza de que esse seria o seu lugar e não mais um ambiente de passagem, como havia sido o último em que esteve. Ele tinha comida, sombra e água fresca, mas não se sentia seguro. Nada que dois ou três dias de parceria não resolvessem. Ele começou a pular e correr por todo espaço, sabia-se dono.

Não consigo explicar como uma coisa tão pequena e peluda (hoje, com quase três meses, ele pesa 1,2Kg) pode fazer tanta diferença no dia a dia; é capaz de nutrir tanto amor e carinho; pode se tornar imprescindível na minha vida.

Bem-vindo Sir Lancelot GH Crepúsculo Vermelho, a casa é sua e o meu coração também.

fevereiro 23, 2007

menina da lua

Leve na lembrança
A singela melodia que eu fiz
Pra ti, ó bem amada
Princesa, olhos d'água
Menina da lua
Quero te ver clara
Clareando a noite intensa deste amor
O céu é teu sorriso
No branco do teu rosto
A irradiar ternura
Quero que desprendas
De qualquer temor que sintas
Tens o teu escudo
O teu tear
Tens na mão, querida
A semente
De uma flor que inspira um beijo ardente
Um convite para amar

de renato mota por maria rita

fevereiro 22, 2007

segundo dia

Busco um espaço na casa que consiga suportar minha inquietude. O quarto, cheirando a deserto, por demais inóspito, expulsa-me pelo corredor. Paro frente à janela. Aquela da qual enxergo melhor o rio, que rasga lentamente a cidade. Encontro no canto da sala um tímido lugar que se mostra acolhedor. Aproximo-me com cuidado. Descalço. Busco sentar-me sem ruídos. Tento não acordar a poeira. Ao lado, alguns livros em desalinho. Relembram que o estado atual de inquietude não é recente. Meio sem olhar, escolho qualquer um. Afinal, qualquer um deles me dirá muito pouco, de ante-mão sei que não terei concentração suficiente para percorrê-lo com a atenção que merece. Consigo dez minutos nesse lugar, quando, num impulso, sou levado a buscar um café. Almejo mais quinze minutos, onde a espera pela fervura da água poderá me dispersar, seguido daquele cheiro único, de frescor da manhã ou de final de dia, que para mim pouco importa. O som da água no fundo da cafeteira traz uma certa calmaria. Observo como ela se acomoda. Devagar busco o pó (sem açúcar). Sinto o cheiro, que me traga por alguns instantes, mas inadvertidamente, me remete a você, mais uma vez. Outra vez. Como cada coisa tem feito nos últimos dias. A caneca que procuro para abrigar esse negro amor, já fora desapercebida... Teu rosto, tuas mãos, teu cheiro (que desconheço) é que impregnam a tudo. Quase consegui quinze minutos de abstração.

num dia perdido num janeiro de 2006

fevereiro 21, 2007

outono (reeditado)

São quatro horas da manhã. Vinte e três de abril. Outono teimoso. Calor intenso. Tempo abafado. Chuvas escassas. Quarto trancado. Luzes acesas. Som de ventilador. Relógio de cabeceira. Lanterna pra proteção. Abajur apagado. Livros à mão. Caneta bic. Caderno antigo. Caderno novo: compras recentes. Coração apressado. Batidas num compasso descompassado: tum tum piuí. Opa! Será o trem? Memorial de Buenos Aires. Memórias clandestinas. Coração apertado. Saudade espaçosa. Ocupa toda a casa. Ocupa ao Recife inteiro. Ocupa a uma vida inteira. Coração maltratado. Coração ingênuo. Coração deslumbrado. Deslumbra-me a tudo que me remete a ti. Remeto-me a ti. Aceita-me, meu amor. Aceita meu amor, meu prazer desmedido, minha fala titubeante, meu gesto incontido, minha prosa se querendo verso. São quatro horas e alguns minutos. Madrugada de domingo. Começa a chover. Paredes brancas. Noite preta. Combinação ímpar. Lua minguante. Amor crescente. Estrelas apagando. Vênus acendendo. Cecília Meireles. Florbela Espanca. Maiakovski. Para viver um grande amor: vinho, madrugada, poesia, velas trêmulas, flores e pétalas, café fresco, sorvete de morango, licor de amarula, chuva no telhado, frio e edredom, filme antigo, música por Bethânia, jantar por tuas mãos, café na padaria, amor de madrugada, dormir por todo dia, dormir enlaçado, proteger o sono, beijo no pescoço, mãos nas mãos, comprar livro, ler livro, dedicar livro, rir do riso, acalentar no choro, brigar pra fazer as pazes, sol e mar, água fresca, banho a dois, água morna, sessão coruja, beijo roubado. Para viver um grande amor: você e eu.

Recife,
23 de abril de 2006
Quatro horas e dezoito minutos

fevereiro 18, 2007

tua chegada

a tua chegada
é como luz: brilha
é como fogo: arde
é como frio: queima
é como mar: acalma
é como céu: inunda
é como ninho: acolhe
é como telha: protege
é como mão: acalanta
é como lápis: diz
é como ar: penetra
é como nuvem: refresca
é como mãe: abençoa
é como tempestade: desperta
é como tudo: não sei
é como nada: peixe