novembro 23, 2009

aboio

certo dia, olhando o mar alagoano, eu, que me sinto de Pernambuco, descobri, perto de um paraibano, de uma gaúcha e de uma mineira, que o Brasil é só sertão. E é tanto sertão, com tanto sertanejo de alma empoeirada, de pele queimada e face enrugada, com mãos calejadas e de aperto forte, com fartura à mesa, com sorriso largo, com cama quente. E é tanta solidão aboiada, com lágrima de repente, com saudade derramada, com voz suave e pungente. Sertanejo é só, silencioso e quieto; de olhar aguçado e gesto comedido. É inteiro, terminado, forte, bravo, mas que segue à deriva neste mar de sol e gente, comovido, contrito, como escravo, no seu próprio chão escavado. Certo dia, olhando o mar alagoano, falou-se tanto de saudade e de vontade de ser sertão com sotaque de terrinhas escondidas por trás de serras e de estradas.