fevereiro 25, 2010

por saber que não sei

Tarde. Sol no alto. Silêncio. Parece um mundo novo. Curvas e caminhos inéditos, flores recém-abertas. Pelas esquinas, no entanto, a poeira revela imagens antigas, desbotadas pelo tempo, pelas horas. Imagens perenes a espreitar o curso óbvio do relógio que faz parir a novidade num mundo de idade sem data. Não me admira quando nos diálogos vespertinos repetimos a mesma retórica com espanto comovido, como se dali brotasse um conceito novo, sem precedentes. A mutação que nos devora a alma promove esquecimentos que possibilitam a vida dentro de um eterno retorno. E rimos da mesma piada, substituindo personagens que, imbuídos do mesmo preconceito, parecem cômicos e o olhar apurado revela a tragédia dissimulada pela superficialidade dos discursos, pela displicência com que se olha o conteúdo daquilo que se derrama à nossa frente. A ignorância é sábia.

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