maio 21, 2008

à espera dos dias

um, dois, três, quatro... perdi a conta. Afinal, o que mesmo eu contava? Parecia fim de tarde e, quando dei por mim, era mesmo manhãzinha. Dia novo despontando. Mas dava pra confundir, todo aquele vermelho no céu, bem podiam ser 5 horas vespertinas. Mas não. Ainda bem. Chegava a manhã. Manhã clara, levemente clara. Poesia gentil revolvendo-se à brisa mansa e fria que tenta despertar o corpo, endireitar o pensamento desnorteado. Sem norte, no estrito sentido do termo, e sem sul também. Mas devo dizer que meus pensamentos são de fato nordeste, coisa de raiz, de bairrismo concentrado.

Junto com o despertador, um galo em quintal distante, reafirma o início do dia. A luz se acentua e o céu se desmancha num azul aberto, como se se derramasse sobre o cinza hostil dos edifícios, que compõem esse horizonte urbano. Alarmes de veículos sendo desativados lembram o ranger de porteiras se abrindo. Sim, pode ser uma comparação forçada, feita por analogia de sentido e não pela pertinência dos sinais. Cai bem, contudo, visto que se segue do estouro dos motores, para além das cercas contentoras, só retornando, empoeirados, ao fim do dia. Um, dois, três, quatro carros saem juntos. O sol já se anuncia em calor. O anúncio em luz se fez há um tempo suficiente para contagens e recontagens de coisas desnecessárias e de coisas que não lembro.

Mas esse peso sobre os olhos, essa vontade de noite sobre o corpo, que o empurra para o calor das cobertas, que desconhece qualquer cenário laboral. Desconsidero os sinais, insisto, permito o sono... um, dois, três, quatro... que os dias passem.

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