maio 18, 2008

abstração do tempo

contar os dias retarda-os, torna-os morosos. A urgência me impele à contagem, compassos de espera. O que mais desejo é que eles acelerem, corram, ultrapassem os sinais vermelhos. Em alguns instantes, desejo que estacionem, que esqueçam o chicotear das horas. Geralmente, esse desejo último se refere à presença do amor atribuído de dotes e qualidades da pessoa em quem esse sentir atualizado se expressa.

O amor é piegas ou coisa que o valha, ou apenas nos deixa assim, explorando universos de canções, que bem poderiam ser doações para coisa amada ou inspirações na coisa amada. Embaraço-me com o que quero dizer, quando tento mostrar isso que não se sabe ao certo, nem se sente certo. Contradigo-me, volto atrás. Usualmente, me utilizo de outros, que apresentam leveza e domínio nesse discurso amoroso. Mas gosto mesmo é de dizer, mesmo assim, mesmo estranho, mesmo um.

Sigo dizendo, sangrando, sem preocupações com qualquer interpretação lingüística que possa ser lançada. Abro mão do debate e ponho-me na introspecção das noites de estrelas miúdas. Abro mão das definições mais puras e arremesso-me ao desembaraço da ignorância, que tão bem se concilia à calma, presumível calma. E nessas horas, convenciono atemporalidade, só nesse estado suprime-se a espera.

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