maio 08, 2008

do nada

passei vinte minutos absorvida na imagem da página em branco. Passaria mais, esse não é o foco do raciocínio. Uma página em branco sempre sugere possibilidade e isso sempre será a melhor de todas as coisas. Era como se estivesse imersa em um buraco, tentando enxergar olhando para o alto. Havia certo desinteresse em encontrar o que compor a página, havia desinteresse em pensar no desenho. Foi quando ajustei a folha em branco ao conceito de possibilidade. Foi quando lembrei do papel nu que transporta sentimentos e me pus a derramá-los, às vezes metricamente ajustado, outras com displicente cuidado. E derramei versos de amor, canções de dor, segredos antigos, sorrisos de festa, histórias pra dormir, enredos pra se apaixonar. Mas veio outra pausa: o que fazer com o que havia soltado, como tornar sentimentos de uma alma confusa em palavras inteligíveis, factíveis? Era melhor retomar, voltar ao início, recompor os conceitos, usar a borracha e deixar a página em branco se expressar por ela mesma. Mas como tomar de novo posse, como voltar ao que era antes, como percorrer mais uma vez, se já estava tudo lá, mesmo se corrompido pela remoção do seu conjunto de cores?

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