maio 16, 2008

fragmentos

como re-unir o que nunca se separou? Nem sempre procuro, mas como haverá revelação se não for lá, se não olhar atentamente? Muito muda ao longo do tempo, muito continua o mesmo. Às vezes criam-se razões para o silêncio e, diga-se de passagem, algumas pessoas fazem isso muito bem: silenciam. Certa vez pensava sobre o que se oferece ao outro, sobre não precisar de respostas. Um “eu te amo” não tem que ser acompanhado por um “eu também”, um “estou com saudade” não supõe o mesmo, por isso não implica retorno. Hoje, eu sinto muito. Sinto porque não se trata de pergunta, conseqüentemente, não se espera resposta. Trata-se de contato, de aproximação, de sintonia. É mais além e, por isso, muito mais óbvio.

Começar é sempre um risco, terminar também. Por isso me proponho a iniciar e terminar, sem mesmo sugerir ritos para cada novo evento. As coisas nascem e morrem e renascem e morrem... e renascem e morrem em si, anagrama de mim. E continuo rompendo conceitos, querendo achar o equilíbrio, mas continuo me mantendo a mesma: prolixa na acepção mais assertiva que se possa conceber. Dizendo sim e, algumas vezes, não. Comovendo-me com poesia, e sendo dura por estupidez. Resquícios da lição aprendida, onde se mostrar sensível é sinônimo de ser fraco e tolo; e isso me faz perder as medidas no que se refere a ser capitão do navio ou apenas mais um a pedir permissão para navegá-lo. Continuo brindando à lua e querendo aprender a rir de mim, como tantas vezes se chora de si mesmo. Se fosse dada à astrologia, diria ser classicamente geminiana, e sou, que não significa ser duplo, mas dual. Alguém que precisa de ar fresco e da luz do sol, como também da noite e de outras estrelas; alguém com coração e intestinos vulneráveis. Alguém que sofre de insônia, face à vulnerabilidade cardíaca. Alguém mutante e mutável, que pode morrer por amor ou por amor matar.

Não acredito que repensar ou remexer situações passadas possam ser de todo úteis. Algumas vezes podem só despertar sentimentos nocivos, como tristeza, mágoa, raiva, rancor; mas penso também que podem clarear alguns horizontes. Não reconhecer, pressupõe conhecer de alguma forma, mas nunca me quis com essa pretensão conhecedora. Contudo, se há um modelo, que não se harmoniza com o que foi predito é possível que o modelo tenha sido trocado ou a predição maculada.

Suponho que achar tudo isso é só mais um mal romântico, como tentar prever e chegar perto, às vezes perto demais, aquela eterna invasão do universo da coisa amada. Talvez tenha que reaprender a amar, refazer teorias, quebrar paradigmas, reinventá-los.

E lá fora, as luzes de mercúrio fingem que combatem a escuridão. São meros pontos luminosos, nessa coisa assombrosa que chamamos noite, nesse mistério guardado pelas estrelas.

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