março 10, 2008

se eu soubesse

como poderia expressar o que a boca nega, teima em esconder, em manter silêncio, em exercer comedimento? Cada pensamento e o coração sobressalta-se. Pancadas na porta ou seria o peito desavisado?

Procuro não desalinhar as idéias: 'métrica, rima e nunca dor', mas se eu tivesse conseguido dizer a tempo, se tua paciência não fosse tão objetiva, se eu não me perdesse com as palavras, se o meu gesto fosse mais livre? Se eu não caminhasse pelo caminho mais longo, se não fosse certo que creio no que acredito, se eu não fosse maio e você, verão...

E entendo que ser vítima de mim mesma, torna-me mais cruel que ser tirana de um país. Ocultei a lógica e me dediquei à magia, pus-me a mitificar, a atribuir justificativas, quando tudo era óbvio, real e posto, tudo dado em sorriso de olhos e boca. Tudo aqui, ao lado e eu feito louca, enxergando outra dimensão de pecados e medos. Como pude não saber, como pude não dizer, como pude acreditar que não era preciso? Por que fiz tão difícil o ir, por que me preocupar em como chegar, se deveria apenas desenhar a estrada, o ir-me a ti?

E lembro a doçura do teu corpo, a leveza da tua voz, a meiguice das tuas palavras, a cumplicidade do teu olhar. Naufrago em lembranças de uma história que não aconteceu, que adormeceu em rascunho, que se perdeu por inabilidade em saber-me te amando, em saber-te a me amar.

escrito após ser impactada pela bela canção if you knew, por nina simone

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