fevereiro 25, 2008

outros verbos

a realidade é um fenômeno delirante. Não é possível falar em presença de verdades, tampouco na falta delas. Olho em volta com certo temor, retirando o mofo impregnado pelo tempo. Olho como quem busca a essência das coisas, que, em algum lugar, se aloja sutil e concretamente. Olho com curiosidade e descaso, com coragem e receio. Afinal, essa realidade pura pode me saltar à frente, sem aviso prévio. Mas penso que essa é a única forma possível de percebê-la: sem anúncios.

A minha realidade é múltipla e mutável. Depende do horário do dia, da variação hormonal, da fase da lua, da altura da maré. Depende da paisagem que pinto, depende da mistura que faço das tintas que brotam de mim. Por vezes estática, por vezes tão veloz... por vezes busco descrevê-la, mas como nunca se escreve tal qual se fala, acredito que por no papel é só uma forma ingênua de distanciar a verdade que me corrói a alma.

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