fevereiro 14, 2008

valentine's day

livreiros de plantão fornecem alimento e tormento para alma, negam a segunda função, mas é esta a mais fiel à profissão: atormentar espíritos. Incautos, desviam o olhar da ferida que infectam. Mas como seria a vida sem as letras? Como seriam os dias? No meu condicionamento verbalizado e letrado não me imagino distante de traças e mofo. Mesmo compreendendo que minhas páginas amarelas são vastas saladas e churrascos para elas, as traças.

Então traço um plano: fazer uma fogueira com essa substância inflamável, celulose em formato de folhas escrevíveis. Derreto o que alucina e jogo a traça cremada sobre folhas em branco. Alimento e poesia.

Trágico, mas convicto. Tudo bem, convicção subjetiva. O livro era só um livro, a traça não me corroia, nem tinha as mesmas convicções que eu, mas fazia parte do contexto.

2 comentários:

Pedro disse...

oi anamaria. é sempre bom passar por aqui e sentir teu texto doce e punhal. enquanto não crio o meu, mando o endereço de um amigo meu que tem um texto que acho que tu vai gostar - Da série Pequenos contos de qualquer um - 1 - Flerte

um beijo e até mais

Pedro disse...

claro, o endereço é http://escrevedura.blogspot.com/