julho 03, 2008

por trás do som

o que está impresso no verso das palavras polidas parece ser mais denso e doloroso do que aquilo que é posto como estampa nas conversas, em detrimento ao meio em que elas se dão. Não espero nada além daquilo que vem de mim. Esperar do outro é como esperar estrelas cadentes, sugere sorte, mas não se sabe ao certo porque as vimos. E eu me sinto uma pluma, mas plumas embebidas não flutuam e sugerem peso, mesmo quando isso não representam.

As estrelas se movem no escuro e eu as perco no momento exato em que focalizo o breu, ao invés do ponto cintilante. Parece que a lucidez se perde quando chega a noite, parece que as forças minguam quando sopra o vento, e os ossos doem e a pele arrepia e vem o medo do que já se reconhece inofensivo... mas à noite, ah, a noite! A noite entorpece o que é sano e degrada a leveza das coisas. Por isso o vinho, por isso a música, por isso o livro, por isso as pessoas: pra dissipar o nevoeiro que se coloca à frente dos olhos e simula proteger do escuro.

Mas ainda acredito no que é doce e suave e leve. Ainda acredito em mim, ainda acredito que posso voar. Até quando? Até agora, até todo presente que for presente.

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