janeiro 17, 2008

a cidade do outro

o céu quis desabar. Nuvens pesadas aliviaram o calor dos últimos dias, soltando do alto gotas claras e frescas. Nenhum pensamento estranho me ocorreu. Penso o mesmo que antes, no entanto tenho usado mais o perfil de espectadora, de estrangeira em meu próprio território. Olho pra trás como quem assiste a um filme: comovida, mas sentada confortavelmente em uma poltrona. E nesse cenário, posso achar que a lágrima é fruto da cena de dor do ator, que finge senti-la.

E o dia amanheceu com cheiro de orvalho, de terra molhada, mas a sensação de cada momento é mediada pela saudade de um olhar de cor inexplicável, brilho inconfundível e sorriso aberto. Circunstancialmente, tenho usado palavras longas para ocupar espaços de pensamentos extensos e inacabados. Considero como pagar preços. O nosso modo capitalista de ser, nos impele a atribuir valores às coisas. Mercantilistas, pagamos o preço, o pato. Pagamos pra ver. Trata-se de uma forma de justificar algum dano que nos causamos, quando, supostamente, não seria necessário sofrê-lo. Entre o sim e não me perdi talvez. Entre o ir e o ficar me pus. E fiz desembarques não tão felizes. E aqui me vejo, nesse porto, quase alegre, mas sem ancorar, estou de passagem.

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