novembro 16, 2007

seis letras

hoje amanheceu com neve na janela, frio úmido e aconchegado. É impossível desconforto a qualquer temperatura, se teu abraço foi o esconderijo noturno. Por isso a neve, mesmo com 40 graus lá fora. O dia surgiu traduzindo todas as cores, revelando-se luz. E eu não quis dizer nenhuma palavra, pois nenhuma expressão, em qualquer língua, alcançaria a ternura e eternidade daquele sentimento percebido na tua pele, que transpirava amor. E o teu sorriso me arrebatou. Bom dia!

Saí sem pressa de casa. Deixei o carro na garagem e andei pela rua oposta. Vi borboletas no trânsito, enfeitando os sinais. Vi teu rosto em cada esquina. Cada sopro do vento me preenchia com teu perfume. Vaguei flutuante, repetia poesias, cantarolava músicas que há muito estavam encaixotadas num porão da memória, esperando alguém que as fizessem despertar. Você as trouxe a minha boca, você deu o tom e a voz, admitiu rimas, norteou compassos.

A meus dentes não foi permitdo o anonimato. Todos os viram. Todos compreenderam como se desenha um sorriso bobo, desses que não se apaga, desses que não se copia, apenas se identifica, se reconhece e se deseja igual. Rabisquei um poema, pretensão de contar o amor, de ofertar o amor em versos. Mas hoje a única forma que teria de fazer um poema, seria descrevendo você, poesia concreta.

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