sentada, com os olhos habitando no infinito e com o peso de uma tarde nos ombros, vou aos poucos esquecendo o que podia dizer, o que permaneceu em meu pensamento e nele mesmo se perdeu. Mas nunca existiu nenhum discurso certo, não seria agora. As palavras escapam e se perdem, mas não sem antes nos atribuírem suas marcas. Eu sei mais hoje do que sabia ontem e, por isso, tudo parece mais cruel, mais feroz, mais desalmado. Pequenas lanças de (in)verdades despercebidas e individualizadas, percorrem oceanos e mares e serras e vales e se encravam no espírito e provocam terremotos de sentimentos difusos e confusos, ali onde toda força se movia para o encontro com a calmaria.
As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modificam, e se não tomo cuidado será tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. (Clarice Lispector)
junho 09, 2008
o amor de quem se ama não é parâmetro para nada, move-se em outra dimensão: acima, no alto
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