junho 09, 2008

o amor de quem se ama não é parâmetro para nada, move-se em outra dimensão: acima, no alto

sentada, com os olhos habitando no infinito e com o peso de uma tarde nos ombros, vou aos poucos esquecendo o que podia dizer, o que permaneceu em meu pensamento e nele mesmo se perdeu. Mas nunca existiu nenhum discurso certo, não seria agora. As palavras escapam e se perdem, mas não sem antes nos atribuírem suas marcas. Eu sei mais hoje do que sabia ontem e, por isso, tudo parece mais cruel, mais feroz, mais desalmado. Pequenas lanças de (in)verdades despercebidas e individualizadas, percorrem oceanos e mares e serras e vales e se encravam no espírito e provocam terremotos de sentimentos difusos e confusos, ali onde toda força se movia para o encontro com a calmaria.

Eu valorizo o silêncio. Entendo que só nele posso reconhecer cada bocejo, cada sopro, cada ai. Eu valorizo a escuridão, porque só nela posso perceber com clareza cada relâmpago que se despeja do alto, cada chama, cada brasa. Eu valorizo a solidão, porque apenas nesse estado de unicidade singular, compreendo a grandeza da presença da luz, do som e da companhia do amor de quem se ama.

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