dezembro 14, 2007

na tarde que cai

nessas horas de saudade, todo pensamento é inútil. Não há nenhum movimento neuronal que guie a memória por um caminho suave. Tudo é dor. Tudo se faz em branco e preto e amarelo. E aqui o amarelo é pura condescendência do sol a espreitar-me pela fresta da janela. Forma-se um vazio turbulento, quase tempestade. Os minutos representam grandes vãos. Vãos de portas que se abrem para o nada, mas revelam expectativas, que expressam a inutilidade do pensar. Vazio ócio, vazio dócil dado pelo preenchimento quase sufocante da presença ausente. O mantra desse aprendizado é saudade, saudade, saudade, saudade... seguido num tom maior pelo teu nome, teu nome, teu nome, teu nome... E lá se vai a tarde seguindo o pulsar dos segundos. E lá se vai faceira a tarde. Enquanto a saudade e o teu nome dispersam os ambientes e arrastam o tempo. Os ponteiros chicoteados obrigam-se a parar, parar, parar... saudade, saudade, saudade... teu nome, teu nome, teu nome... que flui tão suave em minha boca.

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