dezembro 19, 2007

meio dia, no meio da noite

o novo dia por aqui acabou de chegar: 0h00.

Eu não encontro a posição certa para os móveis, eu não encontro o disco certo para os ouvidos, eu não encontro a comida certa para a mesa. Mas está tudo posto. Tudo dado. Sigo a vida sem grandes deslumbres, mas me deslumbrando a cada novo evento da alma.

Hoje a dor não me reparte em pequenas parcelas de mim. Hoje sou um todo. A dor saiu a passeio e avisou que não a esperasse tão cedo. Temo pelo vento frio nela que sofre de reumatismos e tem fôlego curto. Temo pela violência urbana que não escolhe a quem atacar, mesmo a uma senhora indefesa e raquítica e desnutrida. Temo pelos desapercebidos que possam acolhê-la em seus lares e que não saibam mais como gentilmente fazê-la sair. Temo que ela esqueça meu endereço (apresenta os primeiros sinais de Alzheimer).

Hoje não me reparto. Não me desfaço. Hoje não será preciso ajustar cada parte de mim ao amanhecer. Hoje não preciso de telefones, nem de cartas, ou cavalos alados. Hoje me refaço, retenho-me, regozijo-me.

A noite lá fora, o dia aqui dentro. O medo lá fora, a luz aqui dentro e o teu nome, que não me assusta, nem resgata a dor da noite lá fora.

Um comentário:

As Loucuras de uma Penélope Charmosa disse...

amei seu blog.
li alguns posts.. você se expressa bem.. é tudo tão cheio de significados.
Adorei!

beijos.