janeiro 03, 2009

Crônica de Ano Novo

“Aí pessoal, que coisa mais doida,... No ano que está chegando, vamos trabalhar somente 7 meses, dos quais temos que tirar 5 meses para pagar impostos!!! A conclusão é que teremos que sobreviver com 2 meses de salário... Estamos ferrados...!!!!!!!!! O PIB do país vai ser uma míngua!!! Apertem os cintos...”

Recebi esta mensagem de feliz ano novo e achei muito adequada a organização do tempo de trabalho, relacionando ganhos e ônus, mas vale pensar que, neste mesmo ano, teremos os seguintes dias, digamos, meio ociosos:

- 1/1/09 (quinta-feira) - Confraternização Universal
- 24/2/09 (terça-feira) - Carnaval (acrescente-se a sexta pré, a segunda de carnaval e a quarta-feira de cinzas, feriado em quase todo país)
- 10/4/09 (sexta-feira) - Paixão de Cristo
- 21/4/09 (terça-feira) - Tiradentes
- 1/5/09 (sexta-feira) - Dia do Trabalho
- 11/6/09 (quinta-feira) - Corpus Christi
- 7/9/09 (segunda-feira) - Independência do Brasil
- 12/10/09 (segunda-feira) - Nossa Sra Aparecida - Padroeira do Brasil
- 2/11/09 (segunda-feira) - Finados
- 15/11/09 (domingo) - Proclamação da República (não vale)
- 25/12/09 (sexta-feira) - Natal
além disso, somemos 52 fins de semana, quem contam 104 dias.

Vamos fazer um somatório geral: 104 sábados e domingos + 12 feriados + 3 imprensados + 2 dias da sexta pré-carnaval e quarta-feira de cinzas + uns 5 dias de feriados municipais e regionais como São João e Dia da Consciência Negra = 126 dias de descanso. Isso dividido por 30, vai ser igual a 126/30=4,2. Então, por que o espanto em trabalharmos cinco meses para pagarmos impostos, se folgamos 4 meses e quase uma semana neste mesmo ano. Parece até que no calendário estão faltando dias. Claro que essa não é a realidade de todos, há os comerciários e outros tantos trabalhadores, que representam a população escrava do nosso tempo ou, se preferirmos, os servos, os plebeus, dá tudo no mesmo. Obviamente não considero minha posição na classe média, medíocre mesmo, como sendo desprovida de escravismo e servidão, mas tenho lá alguns privilégios (do grego privis: privado; legis: lei – a certeza de que embora a justiça seja para todos, a lei é para alguns), e eu nem quero falar de governo, de funcionalismo público e de atestados médicos. De fato, apertem os cintos e aproveitem a mamata.

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